segunda-feira, 12 de julho de 2010

ENCONTRO DA ALBA REÚNE VARIAS CULTURAS NO EQUADOR

QUITO, 24 JUN (ANSA) - A cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba) com autoridades indígenas e afrodescendentes começou hoje no Equador com a presença de cerca de 300 funcionários dos oito países do bloco.

O encontro de dois dias ocorre na cidade indígena de Otavalo, a 65 quilômetros de Quito, onde se encontrarão na sexta-feira os presidentes de Bolívia, Venezuela e Equador para firmar uma declaração final junto aos delegados de Antígua e Barbuda, Cuba, República Dominicana, Nicarágua e São Vicente e Granadinas.

O chanceler do Equador, Ricardo Patiño, ressaltou a necessidade desse tipo de reunião como uma resposta "altiva e soberana" contra o neoliberalismo. "Caminhamos pela estrada da revolução, sem meias tintas, pela estrada da revolução latino-americana para nunca mais sermos colônias", declarou Patiño na inauguração do encontro.

Para a secretária de Povos, Movimentos Sociais e Participação Cidadã do Equador, Alexandra Ocles, a cúpula servirá para que os membros da Alba reconheçam a diversidade de seus países e assim "mudem a cara da cultura e da política".

"Estamos mudando a cara da política, que já tem rostos afrodescendentes, indígenas, e isso marca sem dúvida a mudança nas formas de fazer política", manifestou Ocles, a primeira ministra negra do Equador.

A diversidade cultural e o princípio da autonomia dos povos originários já são reconhecidos nas constituições do Equador e da Bolívia. O prefeito anfitrião Mario Conejo reconheceu que o Estado plurinacional no Equador é um sonho que precisa ser melhor compreendido. "Sonhamos com um Estado plurinacional, mas estamos um pouco confusos porque não conseguimos entender como isso pode ser feito", o indígena quíchua.

Após a saída de Honduras por decisão do regime ditatorial que deu o golpe de estado em junho de 2009, a Alba passou a ser formada por oito países. Ainda assim, o chanceler equatoriano ressaltou a importância da participação dos delegados hondurenhos presentes. "Honduras não está aqui, mas o espírito dos hondurenhos está", afirmou.

Além dos presidentes, participam da cúpula autoridades eleitas ou designadas, entre ministros, prefeitos e deputados, que debaterão sobre funções públicas, a luta contra o racismo, iniciativas ambientais e o comércio entre os povos.

"Viemos para nos reconhecer entre os povos indígenas e para mostrar o que é intercultural em termos de gestão pública", afirmou o prefeito boliviano Valentín Gutiérrez.

Para a ministra de Povos Indígenas da Venezuela, Nicia Maldonado, "é a primeira vez que ocorre uma reunião de presidentes com os excluídos de sempre, os escravos de sempre, os indígenas 'selvagens' de sempre", disse.

Por sua vez, a Confederação das Nações Indígenas do Equador (Conaie) convocou uma cúpula paralela por conta de divergências com o governo de Rafael Correa, principalmente sobre as novas leis de recursos hídricos e de mineração. "Vão dialogar com supostos dirigentes e autoridades indígenas que não representam as organizações, mas são funcionários do governo", criticou o presidente da Conaie, Marlon Santi. A confederação é a organização indígena mais influente do país e comemora nestes dias os 20 anos de seu primeiro levantamento, realizado entre maio e junho de 1990. (ANSA)

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